Saltar navegação

Dia da língua portuguesa

 

DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA NA CPLP


Poema à Língua Portuguesa

 

A língua portuguesa que amo tanto

Que canto enquanto encanto-me ao ouvi-la

Em cada canto é fala, é riso, é pranto

E nada há que a cale e que a repila.

É essa língua tórrida e faceira

Inebriante e meiga e doce e audaz

Que envolve e enleia a gente brasileira

E quem a utiliza é quem a faz.

É a língua dos domingos, no barzinho

A mesma das segundas, no escritório

A que fala o andrajoso, no caminho

E o cientista, no laboratório.

É a mesma língua, embora evoluída,

Que veio de outras terras com Cabral

Escrita por Caminha, foi trazida

Na descoberta do Monte Pascoal

Não há quem fale errado ou fale mal

De norte a sul, é belo o que é falado

Na língua de Brasil e Portugal.

Para julgar quem fala certo ou fala errado

Não há no mundo lei, nem haverá:

Quem faz da fala língua, é quem a fala

Gramática nenhuma a calará

Gramático nenhum irá cegá-la!

Oldney Lopes

Leituras para o Dia da Língua Portuguesa


ESCOLHEMOS A...

 Sophia de Mello Breyner Andresen


"As pessoas sensíveis"


As pessoas sensíveis não são capazes

De matar galinhas

Porém são capazes

De comer galinhas

.


O dinheiro cheira a pobre e cheira

À roupa do seu corpo

Aquela roupa

Que depois da chuva secou sobre o corpo

Porque não tinham outra

O dinheiro cheira a pobre e cheira

A roupa

Que depois do suor não foi lavada

Porque não tinham outra

.


“Ganharás o pão com o suor do teu rosto” Assim nos foi imposto

E não:

“Com o suor dos outros ganharás o pão”

.


Ó vendilhões do templo

Ó construtores

Das grandes estátuas balofas e pesadas

Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoais–lhes Senhor

Porque eles sabem o que fazem

------------

Para atravessar contigo o deserto do mundo

Para atravessar contigo o deserto do mundo 

Para enfrentarmos juntos o terror da morte 

Para ver a verdade para perder o medo 

Ao lado dos teus passos caminhei 

.


Por ti deixei meu reino meu segredo 

Minha rápida noite meu silêncio 

Minha pérola redonda e seu oriente 

Meu espelho minha vida minha imagem 

E abandonei os jardins do paraíso 

.


Cá fora à luz sem véu do dia duro 

Sem os espelhos vi que estava nua 

E ao descampado se chamava tempo 

.


Por isso com teus gestos me vestiste 

E aprendi a viver em pleno vento 

 

Eu chamei-te para ser

Eu chamei-te para ser a torre

Que viste um dia branca ao pé do mar.

Chamei-te para me perder nos teus caminhos

Chamei-te para sonhar o que sonhaste.

Chamei-te para não ser eu:

Pedi-te que apagases

A torre que eu fui a minha vida os sonhos que sonhei.