Saltar navegación

Mulleres improvisadoras da Galiza

O texto que podes ler abaixo foi entregado na Asemblea de Mulleres Repentistas no I Encontro de Mulleres Repentistas da Galiza, en Vila de Cruces, en xaneiro de 2017. É un achegamento breve e intenso á participación das mulleres no repente galego.

As mulheres no repente galego

.

Na história do repente galego ocupa um lugar excepcional Leonarda de Talho, morta em 1937. Luís Giadás recolheu em 2015 na prensa o testemunho duma vizinha de Talho, Ramona de Estramil, que ao noventa anos contou: «A Leonarda tiña unha taberniña cunha botella de anís, outra de Sansón e outra de caña. Con esas tres botellas ía ás festas de campo cunha cesta na cabeza: Santa Margarida de Baneira, Santa Mariña de Corcoesto e San Bernardo da Graña». Por iso, A Negra -como se autoalcumaba Leonarda, por ter a faciana morena- copleaba: «Miña Santa Margarida / miña Santa Margarida, / se a caña non sube a costa, / a Negra vese perdida».

“Se queres saber quen son,

non lle preguntes a outro:

Son da parroquia de Tallo,

Leonarda Fuentes Couto.”

Outra regueifeira, de Cabana de Bergantinhos, era Sinforosa de Neanho que, segundo Domingo Blanco na obra A regueifa en Cabana de Bergantiños: “Sabía poñerlle fronte aos homes”. Sinforosa viveu até os noventa e três anos. Duas regueifeiras mais mencionadas no livro de Domingo Blanco som Hermosinda de Tabuído e Sara Cundins.

Segundo o mítico regueifeiro Fermín da Feira Nova, palavras que recolle Domingo Blanco no seu estudo: “Había mulleres que cantaban a regueifa moito mellor cós homes, pero por ser mulleres dáballes vergoña competir con eles en público”.

Aurora Ramos, de 104 anos, é agora a regueifeira mais veterana da nossa tradição.

No Courel, na aldeia de Campelo, o Projeto Regueifesta entrevistou em 2016 a Angelita Aira Crespo, Angelita de Banho, brindeira. Sua mai, Esperanza Crespo foi, junto à mítica Cubana, uma das grandes brindeiras do século XX. Angelita, que aprendeu a improvisar com a sua mãe, nasceu em 1936 e foi brindando de voda em voda desde antes dos quince anos. Angelita tem brindado noites enteiras, até a saída do sol. E conta que às vezes os brindos duravam dois dias.

Nas Polafias, organizadas pola Asociación de Escritores e Escritoras en Lingua Galega, achamos mais mulheres vinculadas á regueifa: Florinda de Patrício, Lola do Panadeiro, Teresa Castro Pardiñas e Dolores Varela Barreira.

Nos tempos em que a senhora Josefa de Bastavales -que recentemente foi homenageada no I Encontro de Mulheres Repentistas, nas Cruzes - acolhe a Manu Chao na sua casa, na Galiza começa um tempo novo e a regueifa começa uma nova era: é o Bravú. Josefa de Bastavales, que leva a sua voz à Franza com o ex-Mano Negra, protagonizará algum dos vídeos mais emocionantes da história da nossa televisão.

Uma mulher que bebeu do reggae, do rap, do punk , do funk e da tradição galega para romper a improvisar dentro do movimento do Rock Bravú de finais do século XX foi Marisol Manfurada. Regueifeira, e muito mais, Marisol Manfurada cantou “poésica bravá”, um estilo próprio que desde o bairro corunhés de Monte Alto estoura com versos feministas e críticos com toda “A forza da palabra”, o nome do seu espectáculo:

"Non sabe vostede, macho,

que as mulleres de hoxe en día,

xa nos ollamos no espello

un día,

e vimos unha muller

con enerxía nas pernas

e forza no peitoi

e pelos no sobaco

e siso na cabeza.

Por se non queda claro

e para que non haxa confusión

SI-di-SI

e

NON-di-NON"

Nos fins do século XX e começos do XXI apareceram a improvisar As Garotas da Ribeira: Paola Beiro e Sofia Tarela. Sofia Tarela tamém fixo investigação sobre o repentismo galego. Num dos seus artigos as Garotas falam de si próprias assim:

"Hai unha actitude sexual moi clara de iniciativa da muller, que reivindica unha posición de poder perdida; e gustamos falar de cousas íntimas porque son, no fondo, experiencia dunha colectividade e facilmente entendible. E porque nos gusta darnos como somos, malia actuar, malia facer un xogo teatral enriba do escenario; e resultar provocadoras, atractivas, moi pícaras, excesivas ás veces tamén.

Rexeitamos do rap "tradicional" , o abuso dos tacos e a facilidade con que se cagan en todo, porque nos semella fácil e derrotista e rexeitamos ademais a imitación cuspida do que xa fixeron outros. Nós loitamos por unha vocación de gozar que aceptamos, e que implica o goce a través de tódolos sentidos, da imaxinación tamén. Na nosa alegría interveñen cousas verdadeiras e achegadas: o chiquito, a boa comida, a conversa saborosa... os homes que nos provocan... as mulleres que nos seducen... "

"Eu son

dunha terra de mulleres

que cargan coas bestas

e sementan

berberechos na ribeira

e patacas na leira

levan nos ollos

un sol que non queima

e na boca

un limón maduro

velaí as tes, caghando duro

masando sen erghe-lo puño,

atando e desfasendo nudos."

Pepa Yañez é outra das mulheres da história da regueifa. Citada no livro "Repente Galego" de Ramom Pinheiro, o seu encontro a regueifar com Calvino de Talho é um mito, exemplo do choque cultural entre o sistema patriarcal tradicional e o empoderamento feminino actual.

A geraçom mais nova de mulheres repentistas sai da canteira dos obradoiros da associação ORAL de Vigo, impulsados por Pinto de Herbón e Luís o Caruncho, e do “Observatorio de Interpretación da Oralidade”, onde imparte aulas de improviso Josinho da Teixeira. O apoio do gabinete de Normalização Linguística do Concelho de Vigo, coordinado pola técnica Marta Souto, é fundamental nesta história.

Formadas no Observatório de ORAL, começam no mundo do improviso outras duas repentistas feministas: Lara do Ar e Silvinha. Junto a elas, Blanca Trigo ou Yolanda de Beade, ganhadora do encontro de regueifas Poemagosto de Alhariz, 2016. No curso 2016-2017, das 17 pessoas matriculadas no Obradoiro de Improvisaçom, a maioria são mulheres.

De entre os centos de alunos e alunas participantes no Encontro Escolar de Regueifas de Valadares, cumpre destacar Alba María, a primeira mulher que, na actualidade, podemos definir como regueifeira em activo, com projeção professional. Sara Marchena e Esther Porrit sumam-se a esta novíssima geração de mulheres repentistas que se caracterizam pola intenção de transformar o sistema repentista galego desde o feminismo.

En 2016, cinco mulheres novas foron regueifar ao Luar. Essa regueifa anúncia uma nova época. Cantaram Esther Porrit, Sara Marchena, Alba Maria, Nuria Penas e Noa Guzmán. E assim, por exemplo, se expresa a nova regueifa feminista:

A verdade é que nós,

somos todas, ai, artistas,

no século XXI

a regueifa é feminista”

Alba Maria

Imo-lo volver fazer

regueifar uma e mil vezes

com as mulleres de aqui

a regueifa está presente”

Sara Marchena

Por cantar-lhe à regueifa

por cantar-lhe que não quede

que camisa tão bonita

camisa das Conas Ceives

Alba Maria

Desde Vila de Cruzes, onde junto outras vinte e sete rapazas e rapazes cursam a optativa “Regueifa e improvisação oral em verso” no IES Marco do Cambalhom, cumpre destacar duas moças que estám a subir cada vez mais aos escenários, como no desafio antológico com Hevi de Malandromeda no Festival da Língua 2016, ou no Festival Atlantikaldia de Errenteria, no País Basco: Nuria das Cruzes e Noa de Capón

Ademais, no movimento pola recuperação do improviso, Lupe Blanco, neta do regueifeiro Blanquiño de Muiño Seco, de Coristanco, está a dinamizar o espaço virtual "Regueifando pola Vida" nas redes sociais e fixo a sua apresentação como regueifeira em Borneiro, em novembro de 2016. E, numha gravação do Projeto Regueifesta no mercado de Salgueirinhos, em Compostela, onde cantavam Luís O Caruncho e Alba María descobremos  Marisa Otero.

Finalmente, Lidia Botana, Bolboreta, Labrega no Tempo dos Sputniks e muito mais, também é uma improvisadora emergente que, ademais, está a colaborar com o Projeto Regueifesta e entra no repente galego com a energia das mulheres que estám a improvisar a Galiza e o mundo.

O 28 de janeiro de 2017 tem lugar o I Encontro de Mulheres Repentistas da Galiza em Vila de Cruzes. E a história da um passo de giganta!