Saltar navegação

Ao telefone

Para falar ao telefone...

O telefone está a tocar.

Ligar e desligar o telemóvel.

Enviar e receber mensagens no telemóvel.

Deixar mensagem.

Apagar mensagem.

Leia os telefonemas e responda as perguntas


Texto 1

—Estou.

—Está? Olá, Rosa. É a Sara, como tens passado?

—Bem, mas tenho tido muito trabalho este mês. E por aí?

—Por aquí tudo bem. Estou a ligar-te para te convidar à festa de aniversário da minha irmã no sábado. Vai ser uma surpresa! Que te parece?

.


Texto 2

Olá, João, fala a Sara. Ontem já te tinha telefonado, mas como não ligaste de volta e não atendes, decidi deixar mensagem. Gostaria que fosses à festa de aniversário da minha irmã no sábado. Queremos dar-lhe uma surpresa.

.

1- Que diferença há entre os dois textos? Justifique a sua resposta.

2- Redija um fim para a conversa entre a Rosa e a Sara.

3- Redija uma conversa ao telefone entre o João e a Sara ao dia seguinte desta mensagem.

Telefonema

Ouça o telefonema e complete o texto.

.

.

—Está.

—Está. É da da Estela?

, sou  eu. Quem fala?

—Já não me conheces, a Natalia

—Ah! Olá, Natalia. Tudo contigo?

, está tudo bem, .

Permitir JavaScript

Mensagem

O Afonso deixou uma mensagem para a Alice.

Oi Alice!  Não há nada no frigorífico e a despensa está vazia. Vamos comer qualquer coisa ao Restaurante do Zé.

Afonso

Ouça o anúncio do Restaurante do Zé e responda ao Afonso.

.


Como é um telefonema?

Leia o artigo publicado no expresso.

"Português para estrangeiros, lição número 1: a conversa telefónica"

Primeiro, o começo; "Estou". Que afirmação ridícula! Claro que eu estou. Se não estivesse, não atendia a chamada. E a resposta de quem me está a ligar é igualmente estranha. "Está?". Mais uma pergunta inútil. Claro que a pessoa que atende está. Mais uma vez, se não estivesse, não atendia. 


Segundo, a frase essencial para abrir a conversa é "Como é que vai isso, meu amigo?". A resposta certa é, sempre, "vai bem". O que vai bem não interessa: até seria indelicado  perguntar a que é que "isso" se refere. Tudo vai bem, por princípio. E, claro, somos todos amigos. 


Nota - até este ponto, não faço a menor ideia com quem estou a falar; presumo que é a pessoa certa, mas como não há nenhum troca de informação personalizada, por exemplo nomes ou funções, não sei se estou a falar com o meu contacto no Ministério, o colega dele, ou até o continuo que por acaso pegou no telefone.


Terceiro: a "carne" da conversa. A isto, por regra, leva-se tempo a chegar, e quando se chega, nunca é breve. Em português correcto, a aproximação ao cerne da questao faz-se em ângulo oblíquo. "Sabe, meu amigo, há um tema de que gostava muito de falar consigo". 


Nota - não se deve perguntar "qual é o tema?": isto seria demasiado brusco; o que interessa é que há um tema, e que ele é importante. E que ainda somos amigos. Depois, a descrição do tema - que é quase sempre uma pessoa, não uma coisa; "deve lembrar-se do nosso amigo comum, Pedro, sobre quem falámos há pouco?".  Neste ponto da conversa entro em pânico absoluto. Conheco 10 Pedros. Qual deles? E quando é que falámos dele? E com quem estou eu a falar agora? Com um dos outros nove Pedros? Mas, apesar destas dúvidas existenciais, a minha resposta é, infalivelmente, "claro, meu amigo, claro". Somos ainda amigos.


A seguir, o tema é debatido, são trocadas impressões, etc. etc. Isto é a parte menos interessante do telefonema.


Depois, chegamos ao momento mais importante da conversa, "la piece de resistance": a despedida. Primeiro, a pré-despedida, com outra frase obrigatória - "então vá". É essencial repetir esta frase pelo menos três vezes, para indicar que estamos a chegar ao fim. Então vá. Então vá. Então vá. Por fim, a própria despedida. É melhor feita com uma ou outra frase verdadeiramente barroca, fazendo lembrar aqueles altares rococó construídos nas Igrejas do século XVIII que se ergueram das cinzas da Lisboa do terramoto. A minha preferida é a clássica "por amor de Deus disponha sempre", que vale muito mais que um simples "adeus". Mas ainda mais fascinante do que a frase é a maneira de dizê-la, com uma voz cada vez mais distante, como se eu fosse a partir num barco do Cais de Sodré, gritando despedimentos emocionais ao meu amor, que me acena do cais um último adeus.


E depois, o silêncio. E fico sem saber com quem estive a falar, ou sobre o quê. Mas sei uma coisa: somos ainda mais amigos do que antes. E isto tem algum valor.

No Expresso, podem ler o artigo aqui.